CHEFIA NA ORDEM UNIDA
a. Os exercícios de Ordem Unida constituem um dos meios mais eficientes para se alcançar aquilo que, em suma, com substância o exercício da chefia; a interpretação necessária entre o chefe e os comandados. Além do mais , a Ordem Unida é a forma mais elementar de iniciação na prática da chefia. É comandado na Ordem Unida, que se revelam e se desenvolvem as qualidades do chefe. Ao experimentar a sensação de ter um grupo de desbravadores deslocando-se ao seu comando, o principiante na arte de chefia desenvolve a sua autoconfiança, ao mesmo tempo que adquire consciência de sua responsabilidade sobre aqueles que atendem aos seus comandos, observadores mais próximos das aptidões que demonstra. Os exercícios de Ordem Unida despertam no chefe o apreço às ações bem executadas e ao anexo dos pormenores. Propiciam-lhe, ainda, o desenvolvimento da sua capacidade de observar e de estimular o clube. Através de Ordem Unida, o grupo evidencia, claramente, os quatro índices de eficiência:
1. Moral - pela determinação em atender aos comandos, apesar da necessidade de esforços físico.
2. Disciplina - pela presteza e atenção com que obedece aos comandos.
3. Espírito-de-corpo - pela boa apresentação coletiva e pela uniformidade na prática de exercícios que exigem execução coletiva.
4. Proficiência - pela exatidão nas execuções.
b. É, pois, a Ordem Unida uma atividade de instrução ligada, indissoluvelmente, á prática da chefia e à criação de reflexos da disciplina.
GENERALIDADES:
Os termos de Ordem Unida têm um sentido preciso, em que são exclusivamente empregados, que na linguagem corrente, quer nas ordens e partes escritas. Daí a necessidade das definições que se seguem:
a. COLUNA - é o dispositivo de um grupo, cujos elementos (um ou mais desbravadores) estão um atrás do outro, quaisquer que sejam suas informações e distâncias.
b. COLUNA POR UM - é a formação de um grupo, em que os elementos (um ou mais desbravadores) são colocados um atrás do outro, seguidamente, guardando entre si a distância regulamentar. Conforme o número dessas colunas, quando justapostas, têm-se as formações e coluna por 2, por 3, etc.
c. DISTÂNCIA - é o espaço entre dois elementos (um ou mais desbravadores) colocados um atrás do outro e voltados para a mesma frente. Entre dois grupos ou unidades a distância se mede em passos (ou em metros), contados do último elemento da unidade, ao primeiro da seguinte. Esta regra continua a aplicar-se, ainda que o grupo da frente se divida em grupos menores. Entre dois desbravadores a pé, a distância de 80 centímetros é o espaço compreendido entre ambos na posição de sentido, medido pelo braço esquerdo distendido, pontas dos dedos tocando o ombro (mochila) do companheiro da frente.
d. LINHA - é a disposição de um grupo cujos elementos (um ou mais desbravadores) estão dispostos um ao lado do outro.
e. FILEIRA - é a formação de um grupo ou unidade em que os desbravadores estão colocados na mesma linha, um ao lado do outro, todos voltados para a mesma frente.
f. FILA - é a disposição de um grupo de desbravadores, colocados um atrás do outro, pertencentes a uma unidade formada em linha em mais de uma fileira.
g. INTERVALO - é o preço, contado em passos ou em metros, paralelamente à frente, entre dois desbravadores colocados na mesma fileira. Também se denomina Intervalo ao espaço entre duas unidades, ou mais desbravadores ou duas unidades. Entre dois clubes, mede-se o intervalo a partir do desbravador da esquerda, pertencente ao clube da direita, até ao desbravador da direita, pertencente ao clube da esquerda.
Para que um clube tome o intervalo reduzido (o que é feito ao comando de “SEM INTERVALO, COBRIR!” ou “SEM INTERVALO, PELA ESQUERDA ou PELA DIREITA, PERFILAR!”), os desbravadores da testa colocarão a mão esquerda fechada na cintura, com o punho no prolongamento do antebraço, costa da mão voltada para frente, cotovelo para a esquerda, trocando levemente o braço direito do companheiro à sua esquerda. O intervalo normal entre dois desbravadores é de 80 centímetros; o reduzido (sem intervalo) é de 25 centímetros.
h. ALINHAMENTO - é a disposição de vários desbravadores (ou unidades), sobre uma linha reta , todos voltados para a mesma frente, de modo que um elemento fique exatamente ao lado do outro.
i. COBERTURA - é disposição de vários desbravadores (ou unidades), todos voltados para a mesma frente, de modo que um elemento fique exatamente atrás do outro.
j. CERRA-FILA - é o desbravador (ou instrutor) pelo qual um grupo regula sua marcha, cobertura e alinhamento. Em coluna, o homem-base é o da testa da coluna-base, que é designada segundo as necessidades. Quando não houver especificações a coluna-base será a da direita. Em linha, o homem-base é o primeiro desbravador da fila-base, no centro, à esquerda ou à direita, conforme seja determinado.
l. HOMEM-BASE - é o desbravador (ou instrutor) pelo qual um grupo regula sua marcha, cobertura e alinhamento. Em coluna, o homem-base é o da testa da coluna-base, que é designada segundo as necessidades. Quando não houver especificações, a coluna-base será a da direita. Em linha, o homem-base é o primeiro desbravador da fila-base, no centro, à esquerda ou à direita, conforme seja determinado.
m. UNIDADE-BASE - é aquela pela qual as demais unidades regulam a marchar ou o alinhamento, por intermédio de seus instrutores ou de seus homens-base.
n. CENTRO - é o lugar representado pelo desbravador ou pela coluna situado(a) na parte média de frente de uma das formações de Ordem Unida.
o. DIREITA ou ESQUERDA – é extremidade direita ou esquerda de um grupo.
p. FORMAÇÃO - é a disposição regular dos elementos de um grupo em linha ou em coluna. A formação pode ser normal ou emassada. Normal, quando o grupo está formado conservando as distâncias e os intervalos normais entre os desbravadores. Formação Embassada é aquela em que um grupo de valor companhia ou superior dispõe seus desbravadores em várias colunas independentemente das distâncias normais entre um ou mais desbravadores.
q. TESTA - é o primeiro elemento de uma coluna.
r. CAUDA - é o último elemento de uma coluna.
s. PROFUNDIDADE - é o espaço compreendido entre a testa do primeiro e a cauda do último elemento de qualquer formação.
t. FRENTE - é o espaço, em largura, ocupado por um grupo em linha ou coluna. Em Ordem Unida, avalia-se a frente aproximada de um grupo, atribuindo-se 1,10 a cada desbravador, caso estejam em intervalo normal, e 0,75cm, se estiverem em intervalo reduzido (sem intervalo).
COMANDOS E MEIOS DE COMUNICAÇÃO
Na Ordem Unida, para transmitir sua vontade à tropa, o comandante poderá empregar os seguintes meios:
- Voz
- Gestos
- Corneta (clarim)
- Apito
a. VOZES DE COMANDO - São a maneira padronizada, pela qual o comandante de um grupo ou clube exprime verbalmente a sua vontade. A voz constitui o meio de comando mais empregado na Ordem Unida. Deverá ser usada, sempre que possível, pois permite execução simultânea e imediata.
1. As vozes de comando constam geralmente de:
a. Voz de advertência - é um alerta que se dá ao grupo, previnindo-o para o comando que será anunciado. Exemplo: Atenção clube, ou unidade.
» A voz de advertência pode ser omitida, quando se enuncia uma seqüência comando. Exemplos:CLUBE! SENTIDO! - APRESENTAR ARMA! - OLHAR À DIREITA! - OLHAR FRENTE!
Não há portanto, necessidade de repetir a voz de advertência antes .
b. Comando Propriamente dito - tem por finalidade indicar o movimento a ser realizado pelos executantes. Exemplos: “DIREITA!”, “ORDINÁRIO!”, “PELA ESQUERDA!”, “CINCO PASSOS EM FRENTE!”.
Torna-se, então necessário que o comando enuncie estes comandos de maneira enérgica definindo com exatidão o momento do movimento preparatório e dando aos desbravadores o tempo suficiente para realizarem este movimento, ficando em condições de receberem a voz de execução.
O comando propriamente dito, em princípio, deve ser longo. O comando deve esforça-se por anunciar correta e integralmente a todas as palavras que compõem o comando. Tal esforço, porém, não deve ser levado ao extremo de prejudicar a energia com que o mesmo deve ser enunciado, porque isto comprometerá a uniformidade de execução pelo grupo. Este cuidado é particularmente importante em comandos propriamente ditos que correspondem à execução de movimentos preparatórios, como foi mostrado acima.
c. Voz de Execução – tem por finalidade determinar o exato momento em que o movimento deve começar ou cessar.
A voz de execução for constituída por uma palavra oxítona (que tem a tônica na última sílaba), é aconselhável um certo alongamento na enunciação da(s) sílaba(s), seguido de uma enérgica emissão da sílaba final. Exemplos: “PER-FI-LAR!”, “CO-BRIR!”, “VOL-VER!”, DES-CAN-SAR!”.
Quando porém a tônica da voz de execução na penúltima sílaba, é imprescindível, destacar esta tonicidade com precisão. Neste caso, a(s) sílaba(s) final(ais) praticamente não se pronuncia(m). Exemplos: “MAR-CHE!”, “AL-TO!”, “ EM FREN-TE!”, “OR-DI-NÁ-RIO!”, “ PAS-SO!”.
2. As vozes de comando devem ser claras, enérgicas e de intensidade proporcional ao afetivo dos executantes. Uma voz de comando emitida com indiferença só poderá ter como resultado uma execução displicente.
3. O comandante deverá emitir as vozes de comando na posição de “sentido”, com a frete voltada para o grupo de um local em que possa ser ouvido e visto por todos os desbravadores.
4. Nos desfiles, o comandante dará as vozes de comando com a face voltada para o lado oposto àquele em que estiver a autoridade (ou símbolo) a quem será prestada a continência.
5. Quando o comando tiver de ser executado simultaneamente por todo clube, os comandantes subordinados não o repetirão para suas unidades. Caso contrário, repetirão o comando ou, se necessário, emitirão comandos complementares para as mesmas.
6. As vozes de comando devem ser rigorosamente padronizada para que a execução seja sempre uniforme. Para isto, é necessário que os instrutores de Ordem Unida as pratiquem individualmente, antes de comandarem um grupo.
b. COMANDO POR GESTOS - os comandos por gestos substituirão as vozes de comando quando a distância, o ruído ou qualquer circunstância não permitir que o comandante se faça ouvir. Os comandos por gestos, convencionados para tripa a pé, são os seguintes:
1. Atenção - levantar o braço direito na vertical, mão espalmada, palma da mão voltada para a frente. Todos os gestos de comando devem ser precedidos por este. Após o elemento a quem se destina a ordem acusar estar atendo, levantando também o braço direito até a vertical, comandante da fração baixa o braço e inicia a transmissão da ordem.
2. Alto - colocar a mão direita, dedos unidos, à altura com a palma para a frente; em seguida, estender o braço vivamente na vertical.
3. Diminuir Passo - da posição de atenção, baixar lateralmente o braço direito estendido (palma da mão voltada para o solo) até o prolongamento da linha dos ombros e aí oscilá-lo para cima e para baixo.
4. Apressar o passo (acelerado) - como o punho cerrado, à altura do ombro, erguer e baixar o braço direito várias vezes, verticalmente.
5. Direção à esquerda (direita) - em seguida ao gesto de atenção, baixar o braço direito à frente do corpo até à coluna do ombro e fazê-lo girar lentamente para esquerda (direita), acompanhando o próprio movimento do corpo na conversão. Quando já estiver na direção desejada, elevar então vivamente o braço estendê-lo na direção definitiva.
6. Em forma - da posição de “Atenção”, com o braço direito, descrever círculos horizontais acima da cabeça; em seguida, baixar este braço na direção da marchar ou do ponto para qual deverá ficar voltada a frente do grupo.
7. Coluna por um (ou por dois) - na posição de atenção, fechar a mão, conservando o indicador estendido para o alto (ou o indicador e o médio, formando um ângulo aberto, no caso de coluna por dois).
8. Comandante de grupo ou unidade - estender o braço direito horizontalmente à frente do corpo, palma da mão para o solo; flexionar a mão para cima (dedos unidos e distendidos) várias vezes.
9. Comandante de pelotão - com os braços estendidos à frente do corpo, palmas das mãos para o solo, descrever círculos verticais em sentidos opostos.
c. EMPREGO DE CORNETA (ou clarim) - os toques de corneta (clarim) serão empregados de acordo com o respectivo Manual de Toques, Marchas e Hinos das forças armadas. Quando o grupo atingir um certo progresso na instrução individual, deverão ser realizada sessões curtas e freqüentes de Ordem Unida, com os comandos executados por meio de toques de corneta (clarim). Consegue-se, assim, familiarizar os desbravadores com os toques mais simples, de emprego usual. O desbravador deve conhecer os toques correspondentes às diversas posições necessárias aos deslocamentos.
d. EMPREGO DO APITO
a. Os comandos por meio de apito serão dados mediante o emprego de silvos longos e curtos. Os silvos longos serão dados como advertência e os curtos, como execução. Precedendo os comandos, os desbravadores deverão ser alertados sobre quais os movimentos e posições que serão executados; para cada movimento ou posição, deverá ser dado um silvo longo, como advertência, e um ou mais silvos breves, conforme seja a execução a comando ou por tempos. Exemplo:
Atenção – estando o grupo fora de forma, a um silvo longo, todos voltar-se-ão para o comandante à espero de seu gesto, voz de comando, ordem ou outro sinal. Estando em forma, à vontade, a um silvo longo, os desbravadores retornarão a posição de descansar.
EXECUÇÃO POR TEMPOS
Para fins de instrução, todos os movimentos poderão ser subdivididos e executados aos comandos intercalado: “TEMPO 1!”, “TEMPO 2!”, “TEMPO 3!”, etc. Para a realização de movimentos por tempos, a voz de comando deverá ser precedida da advertência “POR TEMPO!”. Após esta voz, todos os comandos continuarão a ser executados por tempos, até que seja dado um comando precedido pela advertência “A COMANDO!”.